Evolução Cognitiva

A tecnologia Watson está revolucionando diferentes áreas do conhecimento, do combate ao câncer à prevenção de fraudes no sistema financeiro. Saiba como a plataforma também pode solucionar desafios, reduzir custos e melhorar a eficiência das empresas

A plataforma de computação cogniti- va na nuvem da IBM Watson está cada vez mais presente nos diferentes segmentos do mercado desde gerar insights para startups como um assistente virtual, por exemplo, até a auxiliar médicos oncologistas a terem acesso aos mais atualizados estudos sobre tratamento no mundo. Por mais brilhantes que sejam os pro ssionais, eles já não podem prescindir do uso da tecnologia como ferra- menta de trabalho e de atualização. A nal, é humanamente impossível absorver e manejar a quantidade descomunal de dados digitais gerados a cada dia no mundo. Na prática, destacam-se nesse papel os instrumentos de computação cognitiva, apoiada nos conceitos de inteligência arti cial e aprendizagem de máquinas (machine learning). Eles propor- cionam agilidade, mobilidade e decisões mais acertadas, além de melhores estratégias competitivas de negócios.

Apesar de parecer complexa, a computação cognitiva permite tomar decisões com base em dados mais precisos de forma simples, pois é capaz de ler grande quantidade de dados. Isso é viável porque a computação cognitiva nada mais é do que a capacidade dos compu- tadores de aprender. Assim, um software é capaz de coletar uma grande quantidade de informações, raciocinar de acordo com certos parâmetros e propósitos e responder a perguntas de forma natural. Com o avanço da tecnologia, a empresa que vem ganhando destaque no Brasil e no mundo é a IBM, líder desse incipiente setor por meio de uma plata- forma chamada Watson.

Diferentemente do que se pensa, o Watson não é um supercomputador, mas uma plata- forma de computação cognitiva na nuvem focada em empresas. Essa solução da IBM tem a capacidade de ler um volume gigantes- co de dados estruturados e não-estruturados (Big Data) e, a partir deles, montar cenários que são reproduzidos aos usuários na forma de painéis de contro- le. O Watson já consegue aprender em idiomas como: português brasileiro, inglês, francês, italiano, alemão, árabe, espanhol e japonês.

A tecnologia já é usada por empresas de diferentes setores em diversos países para solucionar desafios, sobretudo para engajamento de clientes, experiência de usuários, na redução de custos e no aumento da e ciência e produtividade por meio de cruzamento de dados que permitam uma gestão mais e ciente.

Guilherme Novaes, líder do Watson na IBM Brasil

Fabio Mattoso, líder de Watson Health da IBM

Flexibilidade e custo benefício

Watson atua no conceito de machine learning sob super- visão: o usuário insere conteúdo para “leitura” e treina o sistema com base nesse material. “O Watson é uma plata- forma que atua para auxiliar empresas e pro ssionais a obterem um melhor desempenho. Para isso, é preciso que ele seja treinado e supervisionado sobre o conteúdo para se tornar expert a respeito. Seu grande diferencial é que sua forma de comunicação é a linguagem natural humana que permite a intepretação das diferentes formas de se expressar, basta treiná-lo”, a rma Guilherme Novaes, líder do Watson na IBM Brasil.

A solução é capaz de suprir necessidades especí cas de empresas de todos os tamanhos, por funcionar como um banco de serviços adaptável. “A empresa reporta o proble- ma e nós selecionamos as aplicações de Watson que podem ser usadas para resolver a questão”, diz Novaes. Um exemplo é o Bradesco, que precisava de uma solução para manter seus funcionários atualizados sobre as mudanças de regras e procedimentos de atendimento ao cliente. A BIA, como foi nomeada a assistente virtual, auxilia os gerentes a terem acesso às informações de forma rápida, o que permite uma melhor experiência ao cliente e um aprimoramento dos pro ssionais que se tornam mais empoderados ao ter as informações disponíveis.

Como a solução está na nuvem, é cobrada conforme o uso – o custo de implementação é calculado à base de centavos. “O único pré-requisito para operação com o Watson é a conexão à internet, que permite à empresa acessar a nuvem. Assim, nossos serviços de computação cognitiva estão ao alcance das empresas independentemente de seu tamanho”, observa o executivo. O investimento na solução inclui armazenamento, banco de dados e outros recursos. O desenho do Watson está amparado no conceito de economia das APIs (sigla para Application Program- ming Interfaces). Isso significa que, por meio da plataforma, produtos e serviços conectados à internet cam à disposição de parceiros de negócio, clientes e outros integrantes do ecossistema, para desenvolvimento de aplicativos. Esse modelo permite que as empresas tenham maior agilidade no desenvolvimento e na implantação de novas soluções. Além de disseminado, o Watson também ficou ainda mais democrático. A inovação agora está ao alcance até mesmo de quem não pode investir altas quantias em tecnologia — principalmente as pequenas e médias empresas.

De acordo com a IBM, a solução é capaz de ler 800 milhões de páginas por dia e, pelo fato de estar em nuvem, tem memória bastante expandida. É por isso que consegue acessar informações de diferentes áreas muito rapidamente. Hoje, vários segmentos da economia no mundo todo já utilizam Watson, como o financeiro, o agronegócio, varejo, saúde, entre outros. O aprimoramento do sistema é considerado essencial para a IBM: apenas para incrementar as habilidades do Watson aplicadas à área de saúde, a empresa já investiu US$ 4 bilhões em aquisições e parcerias.

No Brasil, por exemplo, o projeto pioneiro da IBM foi concluído em 2015: uma atendente virtual capaz de absorver as rotinas de trabalho dos funcionários de um banco e de se relacionar com clientes pelo call center. Em apenas dois anos, a tecnologia já chegou a setores como varejo, indústria, educação, saúde, entretenimento e agronegócio. Esse é o caso da própria Ingram Micro, que usa o Watson no departamento de Recursos Humanos de forma global.

Watson na Ingram Micro

De olho no potencial da computação cognitiva nos mais diversos segmentos, a Ingram Micro montou uma estru- tura para ajudar parceiros e outras empresas interessa- das na tecnologia. Tem hoje duas equipes, dedicadas aos negócios relacionados ao Watson. A primeira é a vertical de arquiteturas e serviços, destinada à capacitação aos seus parceiros. A segunda, chamada de IBM Business Unit, cuida das oportunidades de negócio relacionadas à plataforma cognitiva e identi cadas pelos parceiros. Essa unidade analisa como a tecnologia pode se encaixar no modelo de negócios das empresas.

“A Ingram Micro enxerga o Watson como uma ferramenta que vai transformar o modo como as empresas trabalham”, afirma Gilberto Ventura, gerente da unidade de arquitetura e serviços da Ingram Micro. “Nossa ideia não é ser apenas um distribuidor de ‘caixas’, e sim de tecnologia e conhecimento para nossos canais e clientes. Vendemos o que conhecemos e usamos o que vendemos”, destaca.

Um dos desafios das unidades de negócios da Ingram Micro é esclarecer principais dúvidas em relação à computação cognitiva e, principalmente, mostrar como ela pode ser implementada em empresas de qualquer segmento. Feito isso, os parceiros da empresa conseguem desenvolver soluções prontas para o mercado e que atendem às necessidades de seus clientes finais. “Além da capacitação, temos um trabalho de acompanhamento. Logo, quando o parceiro faz o trabalho de pós-venda, ele conta com o nosso apoio para garantir que o cliente final dele esteja contente com a solução”, declara Renato Castilho, arquiteto de solução da Ingram Micro.

Por essas e outras iniciativas é que a tecnologia cognitiva está ajudando a descrever uma nova era computacional, em que sistemas interagem com pessoas por meio da compreensão da linguagem natural, da capacidade de aprendizagem e identificação de padrões que se assemelham ao raciocínio humano. É a máquina inteligente auxiliando na melhora da vida das pessoas, na rotina dos profissionais, na tomada de decisões das empresas e, sobretudo, na forma como as organizações se relacionam com as pessoas. É apenas uma questão de tempo para que mais empresas se tornem adeptas à tecnologia para serem mais e cientes e inteligentes. É um caminho sem volta. O futuro já chegou.